terça-feira, 17 de abril de 2012

Motim das Letras: Destino

Motim das Letras: Destino: Afora a manada que muge e pasta, meninos transpiram poesia, meninas tocam guitarras, ciberativistas defrontam o poder e  as suas patas. O d...


Leiam o texto "Destino", de Dário Álvares (para saber mais sobre o autor e seu "destino", sigam o destino do "Motim das Letras".
Discutam a diferença entre sílaba e morfema e indiquem quais são os morfemas fundamentais  para a construção do sentido do texto, como um todo.
Discuta sobre a seleção lexical feita pelo autor. Por que ele escolheu essas palavras e as combinou como combinou?
Comentem sobre o texto, entendendo-o como uma enunciação viva e dialógica.


NA CURVA

S de simbólico
S de sangue
S de sopro
S de curva do S

Uma letra ou uma sina?
Uma fala ou uma rima?

Com quantas letras se escreve sorte?
Com quantas letras se escreve morte?
Com quantas letras se escreve norte?

S de Sim.
Sim-bólico ser gente morta
numa estrada torta.

Observem bem como a autora joga com os contrastes entre os símbolos: os sons e as letras, as sílabas e os morfemas. Vejam como ela cria contrastes sem estabelecer propriamente oposições. Discuta esses recursos e os sentidos que eles ajudam a construir.

9 comentários:

  1. Enquanto o morfema precisa significar algo dentro de um vocábulo a sílaba para ser definida precisa também possuir algum valor fonético e como estamos falando de um texto cadenciado a escolha e organização das sílabas desperta imediatamente nossa atenção.

    Analisar a importância dos morfemas no texto é uma tarefa mais difícil que discorrer sobre os vocábulos e suas terminações silábicas, porém eis me aqui dando os primeiros passos.

    Na falta de um dicionário de morfemas prosseguirei confiando na intuição.

    Comecei a análise do texto "Destino" procurando pelas repetições e a primeira tentativa de análise foi sob o campo de vista morfológico. Inicialmente separei os morfemas M (transpiram, tocam, defrontam) e S (meninoS, meninaS, ciberativistaS), ambos indicando número.

    O texto traça uma relação entre o coletivo e alguns elementos individuais, a manada que engloba os grupos descritos, as nuvens que abrigam o destino , as asas portadoras da astúcia e etc.

    No trecho "...meninos transpiram poesia, meninas tocam guitarras, ciberativistas defrontam o poder..." a pluralização funciona como elemento generalizador, diferente da primeira frase "a manada que muge e pasta" onde o uso do plural é dispensado pelo uso do coletivo "manada", dessa forma os verbos seguintes (muge, pasta) não precisam do morfema M para que a ideia de generalização seja transmitida (olha aí a concordância hehe).

    A última frase, de tão bela, infelizmente AINDA não me permitiu outra visão que não a poética.

    Continua em breve...

    HENRIQUE SILVA FERNANDES

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    1. Orion, grande caçador reinante do equador celeste, entregue à doce Artemis e envolto por Frigga! Estou adorando o comentário, principalmente o magnífico desfecho da promessa feita e, espero, a ser cumprida. Só não concordo com o "infelizmente" com relação ao último verso: "O destino nas nuvens, a astúcia das asas", que de tão lindo não pode ser analisado. A análise pode ser poética, posto que o objeto é uma poesia. A morfologia pode ser afeita aos sentimentos e à beleza, o morfólogo pode analisar o que ele quiser e com quiser. Continue, pague a promessa! Abraços.

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    2. Caro Henrique, obrigado por seu voo rasante no Motim!rsrsrs Continue confiando na intuição, uma ótima companheira para a nossa viagem poética. Q ótimo q vc gostou da última frase, foi a única que não mudei completamente na versão inicial do textinho...rsrsrs
      Amotine-se sempre!

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    3. Pessoas obrigado pelos conselhos, serão muitíssimo úteis. Adoro a simbologia do nome Orion, acho que é por isso que mantive o apelido que ganhei. E Dário, a última frase é a minha preferida mas gostei do texto todo, aliás ontem passeei pelo Motim e não pude deixar de me encantar com a precisão dos demais textos que encontrei por lá. Já me considero um amotinado inveterado.

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    4. Gente! Que luxo! Estamos dialogando com o autor do texto em pessoa, ainda que digitalmente...
      Obrigada, Dário, por sua participação.

      Orion e Dário amotinando-se no Escrita é muito mais que sonhei para as minhas blogaulas.. lindo,maravilhoso. Bjsssss pra vcs.

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  2. Embora seja um texto curto, é muito bonito e extremamente poético, como diz o Orion. A diferença entre morfema e sílaba é que a sílaba ainda pode ser decomposta em unidades menores como fonemas e morfemas, enquanto o morfema é uma unidade mínima de significado, ou seja, não pode ser divido senão perde sua função.Por exemplo, no caso da palavra manada,a separação silábica seria: ma-na-da. A última sílaba contém o morfema {a}, que nesse caso indica o gênero da palavra, e os fonemas /d/ e /a/. Em meninos, a separação seria me-ni-nos. O morfema {o} indica o gênero masculino, já o {s} indica o plural. Os fonemas nesse caso são /n/, /o/ e /s/. Além disso, a sílaba, no português, sempre apresenta um ápice, um núcleo vocálico. Os morfemas não tem a obrigação de serem vogais ou consoantes, apenas expressam determinada função na estrutura da língua.

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    1. Muito bem, Anna! Gostei de ver... uma aula e tanto! Para prosseguir, reflita um pouco sobre o morfema -a em "manada"... Depois, comente um pouco sobre a construção do sentido no texto (sei que é difícil falar em construção do sentido em um texto poético, mas tente) a partir das escolhas de palavras e morfemas feitas pelo autor... dialogue um pouco com o próprio autor, se quiser. Abraços, flor!

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    2. Este comentário foi removido pelo autor.

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    3. Anna, muito obrigado por seu generoso elogio! Seja sempre muito bem vinda ao Motim. Bjim!

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