segunda-feira, 17 de setembro de 2012

"Uma pessoa adulta e com uma formação média ou elevada reconhece entre dez mil e 15 mil palavras. Tendo em conta que a língua portuguesa tem cerca de um milhão de palavras, isto quer dizer que utilizamos apenas 1% a 1,5% dos seus recursos vocabulares.

Este fato deixa-me perplexo perante a forma como por vezes olhamos para os jovens e lhes condenamos à utilização de novas palavras ou perante as polêmicas à volta do acordo ortográfico. O aparecimento de umas poucas novas palavras ou a alteração da grafia de outras tantas não tem qualquer expressão na imensidão de palavras que podemos usar. Por exemplo, um livro com cerca de 200 páginas (escrito por um bom escritor) não terá mais de 50 mil palavras; não contando com as palavras repetidas e os artigos, sem rigor, um livro deve conter 12 mil palavras diferentes (por isso, é que recorremos tantas vezes ao dicionário).

Quer isto dizer, também, que poderíamos escrever várias versões do mesmo livro recorrendo apenas a sinônimos (entre outras coisas, por isso é que uma tradução pode transformar um livro noutro completamente diferente). O resultado, contudo, poderia soar mais a um dialeto africano ou a um dialeto de uma tribo nativa da América do Sul do que propriamente ao português."


Jaime Bulhosa

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