segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Jô Soares, a oralidade e a escrita!

“Pois é. U purtuguêis é muito fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im portuguêis, é só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muito diferenti. Qui bom qui a minha lingua é u purtuguêis. Quem soubé falá, sabi iscrevê.”

Jô Soares, revista veja, 28 de novembro de 1990

Jô sempre foi melhor comediante que escritor e apresentador em minha opinião. Seu jeito pernóstico e arrogante sempre sobressaiu sua inteligência e criatividade. Seus entrevistados pareciam mais interessantes e interessados quando na platéia e não no famoso sofá. Seus livros nunca me prenderam o suficiente para chegar ao fim, o que no meu caso é fácil vez que a série Harry Potter obteve total sucesso nesta tarefa.

O texto acima é uma amostra bem humorada do sarcasmo do escritor Jô. Ao brincar com as diferenças entre oralidade e escrita em nossa língua, Jô nos deixa lado a lado com uma das mais ricas discussões acerca do Português.

O que temos a dizer sobre o tema? Quem sabe falar, sabe escrever? O que é afinal "saber escrever"uma língua? E finalmente, Jô Soares é autoridade para dissertar acerca deste tema?! Quem o é?

4 comentários:

  1. Oralidade e escrita, dois temas que trabalham em conjunto, mas que são totalmente ambíguos. Antes de tudo, exitem muitas contradições sobre este tema, logo que nem sempre quem sabe falar, necessariamente sabe escrever. Há casos ‘’corriqueiros’’ de interferências da oralidade em textos, ou seja, colocam em seus escritos expressões usadas oralmente, desviando assim da escrita correta que é considerada como a escrita pura e homogênea. No entanto, a oralidade é considerada como uma língua heterogênea e desregrada por diversos fatores, sendo por variações lingüísticas, mudanças lingüísticas, etc. E saber escrever uma língua é muito mais do que ser alfabetizado, é saber o que é falar, ler e escrever de modo geral, prevalecendo assim o que vem sendo chamado de letramento. Uma pessoa letrada não somente saber ler e escrever, mas sim exerce o papel/hábito da leitura, escrita e discurso de forma natural. Creio que Jô S. não necessariamente seria a autoridade certa para tratar desse tema, mas por ser escritor, tem a total liberdade de expressar qualquer assunto e sendo também apresentador procura mostrar noções de gramática incorreta de um modo sarcástico para seu público. Em seu texto é explícito a quantidade enorme de interferências da oralidade em textos redigidos pelos brasileiros, abrindo espaço para diversas discussões, como a má educação, incentivo à escrita, o papel da política na educação, má administração das instituições e de professores etc.

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  2. Ah, e outro tema que deve ser enfatizado é a questão de grandes erros gramaticais até mesmo por diversos autores renomados . .

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  3. Essa é uma questão muito interessante. As diferenças entre oralidade e escrita realmente são significativas? Há mesmo tanta diferenças assim? Será o ritmo e a melodia os responsáveis por tamanho distanciamento?

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  4. Ritmo e melodia como responsáveis ... Só havia pensado sob essa ótica no Inglês!

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